segunda-feira, 20 de maio de 2024

Festival Caminhos de Negritude celebra diversidade e cultura afro em Nilópolis




Começa nesta segunda-feira (20), o Festival Caminhos da Negritude - Edição BXD, no Parque Municipal Sara Areal, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. O evento tem como proposta celebrar a cultura afro-brasileira e fomentar diálogos sobre cultura, educação, território, economia criativa e protagonismo negro, reunindo artistas, pesquisadores, ativistas e empreendedores, como o Babalawo dr. Ivanir dos Santos e o jurado do prêmio Shell de Teatro, Leandro Santanna.

Idealizado pelos produtores Vinicius Rodrigues e Aldo Henrique, o evento conta com uma extensa programação, que vai até o próximo domingo (26) e inclui shows, performances, palestras, oficinas e feira criativa. O festival é gratuito e os ingressos estão disponíveis em: https://www.sympla.com.br/evento/festival-caminhos-da-negritude/2468729

Caminhos da Negritude é realizado na semana em que é comemorado o Dia da África (25 de maio), data da fundação da Organização da Unidade Africana, hoje conhecida como União Africana, instituída como forma de fortalecer os laços de solidariedade e defender a soberania dos estados africanos frente ao colonialismo e neocolonialismo.

Em sua estreia, o festival realiza uma edição dedicada à Baixada Fluminense, destacando o legado afro-brasileiro presente e estimulando debates sobre a historiografia da região. "Escolhemos iniciar a trajetória do festival no nosso território e colaborar para potencializar discussões, ações e políticas de enfrentamento ao racismo e de valorização à cultura afro-brasileira e à diversidade aqui", explica o diretor geral do festival e morador de Nilópolis, Vinni Rodrigues.

O professor Dr. Nielson Bezerra, por exemplo, grande referência da região, apresenta, em sua fala, um pouco sobre o seu projeto "A Cor da Baixada", que traça parte da história do Recôncavo do Rio de Janeiro, através de uma análise sobre a vida social da região, protagonizada pelos africanos e afrodescendentes que viveram as últimas décadas do século XIX e as primeiras décadas do século XX.

A abertura do festival é nesta segunda, dia 20, às 10h, com a Cia de dança Lxmcompany, seguida pela palestra: “Todos os caminhos levam a Mãe África - História da herança africana no Brasil” com o professor Dr. Nielson Bezerra. À tarde, o festival recebe o músico Vino Cachorrão, figura histórica e importante referência da cultura nilopolitana; as oficinas “Colagem Afro-Surrealista” com Andressa Cristina, e “Escrevivendo solaridades” com Jéssica Sodré; e a performance musical da artista Medusa.

No segundo dia, um dos principais nomes do afrofuturismo contemporâneo brasileiro, Lu Ain-Zaila, abre a programação com a palestra “Nossa história em páginas: a figura negra na literatura”. À tarde, o premiado ator, produtor e jurado do prêmio Shell de Teatro Leandro Santanna palestra sobre o tema "Estamos na tela, na telinha, nos palcos!: A representatividade negra no teatro, TV e Cinema". No mesmo dia também acontecem a oficina Máscaras Africanas com Larissa Morais e a performance teatral “Vanessa” de Karla Muniz.

O terceiro dia de festival tem início um pouco mais tarde, às 13h, com uma sequência de oficinas: “Memória em Movimento: Performances Afro-Brasileiras”, com Rafael Côbo; “Corpo Brincante”, com Pamella Almeida; e “Afro-surrealismo na construção de narrativas periféricas” com Misael Gonçalo. No mesmo dia, a cantora e produtora Iolly Amâncio comanda a palestra “Essa é minha voz!: O que busca o artista negro na música?”. O músico Condoreiro, de Itaguaí, encerra a programação. Seu trabalho é inspirado no Condoreirismo, movimento que utilizou a produção literária como instrumento de denúncias às injustiças sociais, sobretudo a escravidão.

No dia 23, a programação começa às 10h com a palestra: “Para além das fábricas: Mercado de trabalho para além do racismo - Letramento racial”, com a educadora social Cleide Mello. E a partir das 13h, será a vez das oficinas “Brincos Afros” com Angela Nascimento, “Bonecas Abayomi” com Cláudia Pinho e “Tecendo redes - Marketing digital” com Rafaelle Vieira; encerrando, a performance de dança com o Estúdio Art’Dance e a performance moda e beleza afro Ya Massemba, de Luiz Henriques.

E no dia 24, sexta-feira, às 10h, o festival recebe o Babalawo Ivanir dos Santos, autoridade em estudos sobre religiões de matrizes africanas e ativismo social no Brasil para a palaestra “O axé que há em mim: matrizes afro brasileiras, religiosidade e combate a intolerância”. Na sequência, as oficinas “Pintura em tela” com Glaucia Augusto, ”As armas dos grandes guerreiros da África” com Vagner Santos, e “Danças Negras” com Bruno Alarcon. A premiada cia de dança do ventre e afrofusões Resistência Bellyblack encerra a programação.

Já no final de semana, a programação do festival também aposta na Feira de Economia Criativa e Empreendedorismo Negro, contemplando uma vasta exposição de produtos de moda, design, artesanato e artes de empreendedores locais.

No sábado (25), o professor Moisés Machado inicia a programação com a palestra “A escola também é meu lugar!: Como construir uma educação antirracista?”. Na sequência, a psicóloga Débora Bonfim apresenta o tema “Somos todos lindos!: A Moda e beleza negras atualmente”. Elaine Rosa, criadora da Feira Crespa, encerra o time de palestrantes, no domingo (26), apresentando o tema “Carregando o conhecimento ancestral: O empreendedorismo negro como protagonista de sua história”.


O público também vai curtir muita música, com grupo Os Dofonos, grupo Crioula e Walle-B, no sábado. E no domingo, Paula Black, Laizz abrem a programação da tarde, e o músico Capelloni encerra o evento, apresentando seu mais recente lançamento, o show “Proteção Tour”.

O Festival Caminhos da Negritude - Edição BXD é fruto de um edital público. Foi aprovado com nota máxima no Edital Diversidade em Diálogo, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. A inspiração para o evento veio de um trabalho de pós-graduação do produtor Aldo Henrique, curador do festival. E há três anos o projeto vem sendo desenvolvido em parceria com o amigo e produtor Vinni Rodrigues. “Surgiu a partir da minha tese, desenvolvida durante a pós-graduação em Gestão Estratégica de Eventos na Universidade Veiga de Almeida. Queria desenvolver um projeto que colaborasse com o debate sobre a questão da negritude no estado do Rio de Janeiro”, conta Henrique.

O projeto é uma produção da Vinni Produtora Cultural, com realização do Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e Lei Paulo Gustavo.

Serviço:
Festival Caminhos da Negritude
Local: Parque Municipal Sara Areal - R. Gonçalves Dias, 724-790 - Nova Cidade, Nilópolis - RJ
Datas: 20 a 26 de maio (segunda a domingo)
Abertura dos portões:: a partir de 9h
Ingressos: gratuitos
Classificação indicativa: Livre

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