Eles criam contos de fábulas modernas e poesias
“Sem a sua, sem a sua, sem a sua companhia”, a música do folclore mineiro, foi interpretada na flauta pelo pedagogo e psicopedagogo Vicente Zarki, para alunos do segundo ano da Escola Municipal Jorge Mkhail Jarjous, localizada no Centro de Nilópolis, na manhã do dia 17 de abril. Além de contador de histórias que embala suas apresentações com música e elementos cênicos, Zarki integra o grupo de professores escritores da rede municipal de ensino da cidade, ao lado de Ana Paula Monteiro, Lucy Silva, chamada de tia Lucy, e da poetisa Denise Cruz, da equipe de Educação Antirracista da rede.
Felipe Soares/ Divulgação PMN |
Na véspera do Dia Nacional do Livro Infantil, 18 de abril, eles tomaram conta da quadra do colégio e levaram as crianças na faixa de 7 anos de idade, para outros mundos, outros universos. Ana Paula Monteiro lembra com carinho de um dos livros que marcaram sua infância. “É o livro ‘Sofá Estampado’ de Ligya Bojunga”. Ana Paula lançou em maio de 2022, ‘Por Um Mundo Melhor’.
Professores escritores do município
O enredo desse último livro narra a trajetória de Zaila e Aruana, que percebem as mudanças do ambiente e o sofrimento de todos que convivem com a floresta e seus arredores. “Zaila e Aruana unem forças com outras crianças para salvar a natureza. Há a discussão de questões ambientais, diversidade cultural e sobre o respeito”, explicou Ana Paula, criada no bairro do Cabuís, agora casada e com um filho de 11 anos.
O pedagogo e psicopedagogo Vicente Zaki, 51 anos, decidiu escrever o primeiro livro depois da morte do irmão. “Precisava homenageá-lo de alguma forma. O nome do protagonista é Bené, o apelido de meu irmão. Surgiu então a história ‘Bené, a Canoa e o Mar’, pela editora Arte da Palavra. O subtítulo ‘Um conto de Areia’ é porque a fábula se passa no mar, com pescadores, água e peixes. “Também quis fazer referência à Clara Nunes, que interpretou ‘Conto de Areia’ (de autoria de Antonio Pinto e Romildo Bastos)”.
Felipe Soares/ Divulgação PMN |
Escrito no período de pandemia por Zaki e tia Lucy, o livro ‘Chapeuzinho Vermelho no Grande Reino do Asfalto’ ainda não foi para o prelo. Criado e inspirado pelo surgimento da pandemia da Covid-19, ele é uma versão para o famoso conto de fadas escrito pelo francês Charles Perrault. Ele buscar conscientizar as crianças sobre o que é a doença e a importância vacina.
Tia Lucy lançou ainda ‘Aham’, ‘Lilica Chuá e a Cidade da Chuva’ e ‘Bordadeira’. Parou de trabalhar com contação de histórias e se dedica exclusivamente à sala de aula. “Continuo contando histórias na minha sala na Escola Margarida Sabino. Dou aula para o segundo ano. Meu primeiro livro foi ‘Lilica Chuá’, mas desde pequena eu já gostava de escrever. Vários autores marcaram minha infância, entre eles Richard Bach, com ‘Fernão Capelo Gaivota’ e Lewis Caroll, que escreveu ‘Alice no País das Maravilhas”.
Lucy Silva já assinou contrato com a editora Casa para traduzir ‘Lilica Chuá’ para braile (sistema de leitura para pessoas cegas ou com baixa visão). “Pretendemos também transformá-lo em um áudio book”, antecipou tia Lucy.
‘Jogos e Brincadeiras Africanas. O brincar que nasce do chão’, livro organizado pelos autores Matheus Pinheiro e Jonathan Aguiar, teve poesias da professora Denise Cruz. O lançamento foi na Feira Literária do Renascença Clube, dia 15 de outubro do ano passado, no bairro do Andaraí. Nada mais cativante para a pedagoga, que integra um coletivo de pedagogas responsável na Coordenação da Educação Infantil Nilopolitana – O Afroamar-se, que trabalha a valorização das crianças negras por sua cor, seu cabelo, suas raízes culturais e suas potências.
Todos eles vão participar da III Ciranda Literária com os alunos da rede de ensino municipal na terça-feira, dia 25 de abril, na Escola de Samba Beija-Flor, na Rua Pracinha Wallace Paes Leme, 1025, no Centro, das 9h às 15h. O tema do evento será ‘Da minha janela: contos, cantos e encantos’, uma homenagem ao autor Otavio Jr, que recebeu o prêmio Jabuti, mais tradicional prêmio literário do Brasil, em 2020, na categoria infantil pelo livro ‘Da minha janela’.
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