quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Após vinte anos, com a mesma rainha de bateria, Beija Beija-Flor de Nilópolis abre concurso para substituir Raíssa


Pela primeira vez em 20 anos, a Beija-Flor de Nilópolis abre concurso para escolher a substituta de sua rainha de bateria

NILÓPOLIS - Não é apenas a Inglaterra que vive em clima de renovação de sua corte. Pela primeira vez em 20 anos, a Beija-Flor de Nilópolis abre concurso para escolher a substituta de sua rainha de bateria mais longeva, assim como Elizabeth II foi para o Reino Unido. A vencedora ocupará o cargo que nos últimos 20 anos pertenceu a Raíssa de Oliveira. As jovens interessadas em reinar na Sapucaí à frente da bateria da deusa da passarela poderão se inscrever neste sábado (17 de Setembro), das 10h às 13h, na quadra da escola.

A nova soberana deverá ter mais de 16 anos até fevereiro de 2023. E tem mais: não basta só samba no pé, é preciso comprovar, no ato da inscrição que tem história com a azul e branco de Nilópolis. As interessadas deverão apresentar cópia da identidade, foto de corpo inteiro e descrever, em até 5 linhas, sua relação com a escola. Para menores de idade, será exigida também apresentação de matrícula na escola. Não há taxa de inscrição.

As candidatas que perderem o prazo terão uma segunda chance na segunda-feira (19 de Setembro), das 19h às 22h. A quadra da agremiação fica na Rua Pracinha Wallace Paes Leme, 1025, em Nilópolis.


— A marca da Beija-Flor é a comunidade, e teremos novamente uma rainha que represente isso. Quantas meninas e mulheres da nossa escola sonharam com esse momento? Queremos dar essa oportunidade a quem faz parte da Beija-Flor e vai manter o brilhante legado de Soninha Capeta e Raíssa — afirmou Dudu Azevedo, diretor de Carnaval da escola.

O desfile deste ano, que por conta da pandemia foi transferido para abril, foi o último de Raíssa de Oliveira à frente dos ritmistas da Beija-Flor, depois de duas décadas no posto. Cria da comunidade, ela venceu um concurso em 2002 e estreou, em 2003, aos 12 anos de idade, substituindo a também histórica Sônia Capeta.

Na época, foi considerada amuleto de sorte da azul e branca de Nilópolis. Em seus três primeiros anos de reinado (2003-2005), a escola conquistou o tricampeonato. Provando que é pé-quente, nos 20 anos de reinado de Raíssa a Beija-Flor conquistou oito títulos e três vice-campeonatos.

Último desfile da soberana à frente dos ritmistas da azul e branco 
Foto de Divulgação/Eduardo Hollanda

Amor em azul e branco

Em entrevista na véspera do carnaval de 2022, quando fez um balanço de seu longo reinado, Raíssa disse que começou tão cedo que, no início, não tinha muita noção da importa da sua função e estava totalmente alheia a essa disputa pelo posto mais cobiçado nas agremiações. Demorou pelo menos uns três anos para a "ficha cair" e ela descobrir a importância de desfilar à frente dos ritmistas de uma escola de samba, local onde dizia se sente totalmente à vontade.

O amor pela azul e branco de Nilópolis é algo que vem de tão longe que nem ela sabe precisar. Acha que da barriga da mãe Lúcia Cristina, que sempre gostou de carnaval, sonhava desfilar na escola e conhecer Neguinho da Beija-Flor, a ponto de escrever cartas para revistas que promoviam encontros entre artistas e seu fãs, sem nunca ter sido sorteada.

Ainda criança Raíssa pedia à mãe para acordá-la na hora do desfile da escola e ia para a frente da TV sambar. A paixão a distância virou namoro quando ela foi ao primeiro ensaio e deu início a uma longa relação de amor. Aos 32 anos de idade Raíssa já era considerada uma veterana da Sapucaí.

Ela não esconde que, quando começou tinha admiração pelas rainhas da época, como Luma de Oliveira, Luiza Brunet e Fábia Borges. Hoje se orgulha de servir de referência para as novatas no cargo e aquelas meninas que almejam um dia ocupar o sonhado posto.

Via: Jornal Extra

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