Intérprete da Beija-Flor questiona falta de apoio para os artistas das escolas de samba e pede que a ajuda do poder público seja destinada efetivamente para quem está passando por dificuldade
NILÓPOLIS - Após o intérprete da Unidos da Tijuca, Wantuir Oliveira, utilizar suas redes sociais na última semana para desabafar sobre as dificuldades financeiras encontradas pelos artistas que fazem o carnaval neste momento de pandemia da Covid-19, a equipe de reportagem do site CARNAVALESCO ouviu o maior representante dos cantores das escolas de samba, Neguinho da Beija-Flor, que recebeu a primeira dose da vacina na segunda-feira. Com mais de 50 anos de serviços prestados ao carnaval, ele demonstrou apreensão e desespero com a atual situação dos profissionais que trabalham na cadeia produtiva da folia.
Início da pandemia
“A minha expectativa era que ficaríamos parados por uns três meses, e com o prolongamento do isolamento começou a bater a preocupação e a ansiedade pelo fim da pandemia. Mesmo com as economias adquiridas com o carnaval, muitos profissionais da música não tiveram renda suficiente e logo começaram as lives para dar um suporte a todos”.
Sobrevivência
“Nunca pensei em passar por isso. Já estou no limite! Tenho sobrevivido através da minha imagem, fazendo vídeos agregando minha imagem pública ao produto. Assim, vou capitalizando de pouco em pouco. Também capitalizo através da participação em algumas lives. Minha esposa, que é administradora, também faz algumas consultorias. Assim vamos seguindo”.
Declaração de Wantuir sobre a realidade dos intérpretes
“O desespero sempre bate, ainda mais quando você vê os amigos passando por isso e não pode ajudar. Achei certo o posicionamento dele, tem muita gente achando que os intérpretes estão recebendo algum dinheiro. Isso não é verdade. Pelo que eu sei, não existe projeto algum destinado aos intérpretes das escolas de samba”.
Relação das escolas de samba com seus profissionais
“Quem nunca passou fome, não sabe o que é não ter nem para comprar um pão com leite, muitos dão a vida pelas suas agremiações. É a paixão do verdadeiro sambista. Realmente, eu vejo que falta mais humanidade das direções das agremiações em reconhecerem os seus profissionais”.
Apoio da Beija-Flor
“Ajudou na live do meu aniversário, onde a renda também foi destinada a alguns músicos e transformada em cestas básicas. Mas, graças a Deus, ainda não estou precisando pedir ajuda a Beija-Flor”.
Socorro do poder público para o carnaval
“Se realmente se houver esta ajuda (edital do Governo do Estado do Rio de Janeiro), espero que realmente seja destinado alguma coisa aos profissionais do carnaval, que estão necessitados. Se isso não acontecer, nem sei o que pensar e ficarei muito triste. Na Beija-Flor, os dez sambas finalistas foram gravados na minha voz e recebi um valor simbólico das parcerias concorrentes (através da Lei Aldir Blanc, a escola de Nilópolis ganhou R$ 150 mil para realizar suas lives das escolhas dos sambas-enredo. Mocidade, Grande Rio e Viradouro também foram contempladas. As demais vão receber pelo Fundo Estadual de Cultura”.
Carnaval de 2022
“Infelizmente, acho que não haverá. Desculpe a sinceridade. Vamos torcer, já que a vacina está aí”.
Via: Carnavalesco
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